Mario Quintana
31 de mai. de 2008
( e ninguém mais se conhece...)
Mario Quintana
28 de mai. de 2008
( O GUARDADOR DE REBANHOS ...)
Creio no mundo como num malmequer,
25 de mai. de 2008
25 DE MAIO: DIA INTERNACIONAL DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES DESAPARECIDOS
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(...) Mas por que desaparece tanta gente, todos os dias, em redor de nós, sem que possamos admitir que esses desaparecimentos sejam de origem lírica?
Ouço pelo rádio as famílias, os amigos, os conhecidos que indagam, inquietos, que reclamam, descrevem, dão sinais, indicam pistas. Há desaparecidos de todas as idades e cores, e ambos os sexos, das mais variadas condições sociais: quem tiver notícias de seu paradeiro é favor informar às pessoas aflitas que os procuram.
Mas quem vai saber o paradeiro da mocinha de blusa cor-de-rosa e saia amarela que, assim colorida, bateu asas sem se despedir dos parentes? Quem viu o menino de blusão verde e sapatos novos que saiu de casa pela tardinha e lá se foi andando – e irá andando enquanto tiver boas solas nos sapatos – por muito que os pais inconsoláveis o estejam chorando e os vizinhos não possam entender tamanha ingratidão? Que foi feito da velhinha, um pouco desmemoriada, que saiu para a missa e depois entrou por um caminho desconhecido, com seu vestido cinzento, sua bolsinha de verniz e duas travessas no cabelo?
Há os desaparecidos recentes: de ontem, da semana passada, de há um mês ou dois. Assim mesmo recentes não se encontram vestígios seus em parte alguma. Foram raptados? Ficaram debaixo do trem? Subiram para algum disco voador? Afogaram-se? Partiram para o secreto paraíso onde não querem ser importunados? Embarcaram para Citera? Quem sabe o que lhes aconteceu?
Mais comoventes, porém, é a busca de desaparecidos antigos: “procura-se uma conhecida que há três anos não se encontra...” Para onde foi a jovem Marília que há cinqüenta anos disse que ia trabalhar no Rio de Janeiro?... Que é feito do rapaz moreno, com um sinal no queixo, que usava um cordãozinho de outro com a imagem de São Jorge?
Todas essas pessoas e muitas outras estão sendo procuradas, pacientemente, com anúncios pelos jornais e nas emissoras. Uma incansável busca. Gente de todos os Estados do Brasil, gente com vários compromissos: eram noivos, eram chefes de família, eram donas-de-casa.. Gente miúda, que não se esperava desse capaz de meter-se em aventuras: meninotas e rapazinhos em idade escolar; mocinhas que pareciam tímidas e assustadas, moços ainda sem emprego...
(...) Mas os afetos vigilantes continuam, inconformados, a recordar os ausentes – todos os dias novos, todos os dias mais numerosos – e, por humildes lugares, famílias tristes cultivam longos canteiros de saudades.
(Trechos da crônica - GENTE DESAPARECIDA)
Cecília Meireles. Escolha o Seu Sonho - Editora Record, p.43-45
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Você sabia que o Brasil registra mais ou menos 40 mil desaparecimentos de crianças e adolescentes por ano?
Você sabia que aqui não existe uma rede ou cadastro nacional para registrar informações dos desaparecidos?
Você sabia que não há comunicação entre a polícia militar, civis e federal, em relação ao desaparecimento de uma criança?
Precisamos criar no Brasil o ALERTA AMBER .
Você pode conhecer melhor o ALERTA AMBER acessando o MOVIMENTO PELA CRIAÇÃO DO ALERTA AMBER NO BRASIL . Você pode participar da criação do Alerta AMBER no Brasil assinando a petição que será encaminhada à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal . CLIQUE AQUI PARA ASSINAR !
24 de mai. de 2008
É perdido todo o tempo que não é dedicado ao amor
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21 de mai. de 2008
Gaston Bachelard ...
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Que benefícios nos proporcionam os novos livros! Gostaria que cada dia me caíssem do céu, a cântaros, os livros que exprimem a juventude das imagens. Esse desejo é natural. Esse prodígio, fácil. Pois lá em cima, no céu, não será o paraíso uma imensa biblioteca?
Mas não basta receber, é preciso acolher. É preciso, dizem em uníssono o pedagogo e a dieteticista, “assimilar”. Para isso, somos aconselhados a não ler com demasiada rapidez e a cuidar para não engolir trechos excessivamente grandes. Dividam, dizem-nos, cada uma das dificuldades em tantas parcelas quantas forem necessárias para melhor resolve-las. Sim, mastiguem bem, bebam em pequenos goles, saboreiem versos por verso os poemas. Todos esses preceitos são belos e bons. Mas um princípio os comanda. Antes de mais nada, é necessário um bom desejo de comer , de beber e de ler. É preciso ler muito, ler mais, ler sempre.
Assim, já de manhã, diante dos livros acumulados sobre a mesa, faço ao deus da leitura a minha prece de leitor voraz: “A fome nossa de cada dia nos daí hoje...”
Gaston Bachelard. A Poética do Devaneio , Martins Fontes, p.25-26
20 de mai. de 2008
(Pessoa...)
Que destino contínuo se passa em mim na treva?
BIENAL DO LIVRO DE MINAS !
Ontem a Arena Jovem na Bienal do Livro de Minas recebeu Ziraldo e Mário Vale para discutirem o tema : O humor mostra as coisas pelo avesso?
Os dois cartunistas acabaram optando por uma convesa gostosa e informal com os participantes. A maioria das perguntas dirigidas ao Ziraldo estavam relacionadas com os seus personagens e livros.
Em certo momento, Ziraldo destacou o seu livro "Menina das Estrelas". Explicou para as meninas ali presentes, que essa personagem permitiu que ele entrasse no rico e interessante mundo feminino. Até então, nos seus personagens, a figura do menino predominava . A menina das estrelas quebrou esse reinado masculino .
"Menina, como se sabe,
19 de mai. de 2008
BIENAL DO LIVRO DE MINAS !
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...Além do Café Literário estou encontrando diversos autores no lançamento dos seus livros.
O chamado Livro de horas constituía um gênero medieval, que continha orações e salmos para as diversas horas do dia. Em geral, vinha ornamentado por iluminuras, esses contornos de flores e volutas que, como bordados, circundavam os manuscritos. Angela-Lago não perdeu isso de vista ao selecionar e traduzir os poemas que compõem este livro: escolheu aqueles que nos tocam com simplicidade, evocando o canto e o reencantamento do mundo."
17 de mai. de 2008
15 de mai. de 2008
As memórias de Pedro Nava ...
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Barbara La Marr
Começava-se timidamente a conversar nos portões com as amadas ou abordá-las rapidamente nas ruas. No gesto e no vestir elas imitavam Barbara La Marr, Pola Negri, Mae Murray e Gloria Swanson.
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13 de mai. de 2008
KEDERE !
Na minha visita passei pelos “Top 100 blogs brasileiros segundo o Technorati". Nessa lista, apenas dois blogs comentaram o assunto:
Blog do Juca : A Lei Áurea e o futebol
o biscoito fino e a massa : 120 anos da Lei Áurea e a ação de inconstitucionalidade contra as cotas
"Art. 26-A : Nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.
Por tudo isso, escolhi a palavra Kedere, para dar título a essa postagem. Kedere no idioma Iorubá, significa ESCLARECER.
Numa sociedade tão desigual como a nossa, muita coisa precisa ser esclarecida para que na prática, a abolição se torne real..
(Continuando com Fernando Pessoa ...)
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11 de mai. de 2008
O mundo não é maternal...
É bom ter mãe quando se é criança, e também quando se é adulto. Quando se é adolescente a gente pensa que viveria melhor sem ela, mas é erro de cálculo. Mãe é bom em qualquer idade. Sem ela, ficamos órfãos de tudo, já que o mundo lá fora não é nem um pouco maternal conosco.
O mundo não se importa se estamos desagasalhados e passamos fome. Não liga se virarmos a noite na rua, não dá a mínima se estamos acompanhados por maus elementos. O mundo quer defender o seu, não o nosso.
O mundo quer que a gente fique horas no telefone, torrando dinheiro. Quer que a gente case logo e compre um apartamento que vai nos deixar endividados por vinte anos. O mundo quer que a gente ande na moda, que a gente troque de carro, que a gente tenha boa aparência e estoure o cartão de crédito. Mãe também quer que a gente tenha boa aparência, mas está mais preocupada com o nosso banho, com os nossos dentes e nossos ouvidos, com a nossa limpeza interna: não quer que a gente se drogue, que a gente fume, que a gente beba.
O mundo nos olha superficialmente. Não consegue enxergar através. Não detecta nossa tristeza, nosso queixo que treme, nosso abatimento. O mundo quer que sejamos lindos, sarados e vitoriosos para enfeitar a ele próprio, como se fôssemos objetos de decoração do planeta. O mundo não tira nossa febre, não penteia nosso cabelo, não oferece um pedaço de bolo feito em casa.
O mundo quer nosso voto, mas não quer atender nossas necessidades. O mundo, quando não concorda com a gente, nos pune, nos rotula, nos exclui. O mundo não tem doçura, não tem paciência, não pára para nos ouvir. O mundo pergunta quantos eletrodomésticos temos em casa e qual é o nosso grau de instrução, mas não sabe nada dos nossos medos de infância, das nossas notas no colégio, de como foi duro arranjar o primeiro emprego. Para o mundo, quem menos corre, voa. Quem não se comunica se trumbica. Quem com ferro fere com ferro será ferido. O mundo não quer saber de indivíduos, e sim, de slogans e estatísticas.
Mãe é de outro mundo. É emocionalmente incorreta, exclusivista, parcial, metida, brigona, insistente, dramática, chega a ser até corruptível se oferecermos em troca alguma atenção. Sofre no lugar da gente, se preocupa com detalhes e tenta adivinhar todas as nossas vontades, enquanto o mundo propriamente dito exige eficiência máxima, seleciona os mais bem-dotados e cobra caro pelo seu tempo. Mãe é de graça.
Minha mãe ...
10 de mai. de 2008
RANCOR
7 de mai. de 2008
MINHA TERRA
Todos cantam sua terra,
Também vou cantar a minha,
Nas débeis cordas da lira
Hei de fazê-la rainha;
— Hei de dar-lhe a realeza
Nesse trono de beleza
Em que a mão da natureza
Esmerou-se em quanto tinha.
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Correi pr'as bandas do sul:
Debaixo dum céu de anil
Encontrareis o gigante
Santa Cruz, hoje Brasil;
— É uma terra de amores
Alcatifada de flores,
Onde a brisa fala amores
Nas belas tardes de abril.
(...)
É um país majestoso
Essa terra de Tupá,
Desd'o Amazonas ao Prata,
Do Rio Grande ao Pará!
— Tem serranias gigantes
E tem bosques verdejantes
Que repetem incessantes
Os cantos do sabiá.
(...)
Quando Dirceu e Marília
Em terníssimos enleios
Se beijavam com ternura
Em celestes devaneios;
Da selva o vate inspirado,
O sabiá namorado,
Na laranjeira pousado
Soltava ternos gorjeios.
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Foi ali, foi no Ipiranga,
Que com toda a majestade
Rompeu de lábios augustos
O brado da liberdade;
Aquela voz soberana
Voou na plaga indiana
Desde o palácio à choupana,
Desde a floresta à cidade!
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Um povo ergueu-se cantando
— Mancebos e anciãos —
E, filhos da mesma terra,
Alegres deram-se as mãos;
Foi belo ver esse povo
Em suas glórias tão novo,
Bradando cheio de fogo:
— Portugal! somos irmãos!
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Quando nasci, esse brado
Já não soava na serra
Nem os ecos da montanha
Ao longe diziam — guerra!
Mas não sei o que sentia
Quando, a sós, eu repetia
Cheio de nobre ousadia
O nome da minha terra!
(...)
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Casimiro de Abreu
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5 de mai. de 2008
Um dia
Eunice arruda
Lugarejo
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LUGAREJO
O trem muge o longe.
Os vagões levam toneladas de horas
e astros enferrujados.
Bicho de ferro,
atravessando a facão o lombo do dia,
enchendo de metálica melodia
a vida homens dali.
Eucanaã Ferraz
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