7 de fev. de 2009

Da saudade

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DA SAUDADE
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A natureza da saudade é ambígua: associa sentimentos de solidão e tristeza – mas, iluminada pela memória, ganha contorno e expressão de felicidade. Quando Garrett a definiu como “delicioso pungir de acerbo espinho”, estava realizando a fusão desses dois aspectos opostos na fórmula feliz de um verso romântico.Em geral, vê-se na saudade o sentimento de separação e distância daquilo que se ama e não se tem. Mas todos os instantes da nossa vida não vão sendo perda, separação e distância? O nosso presente, logo que alcança o futuro, já o transforma em passado. A vida é constante perder. A vida é, pois, uma constante saudade.Há uma saudade queixosa: a que desejaria reter, fixar, possuir. Há uma saudade sábia, que deixa as coisas passarem , como se não passassem. Livrando-as do tempo, salvando a sua essência da eternidade. É a única maneira, aliás, de lhes dar permanência: imortalizá-las em amor . O verdadeiro amor é, paradoxalmente, uma saudade constante, sem egoísmo nenhum.
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Cecília Meireles
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Foto de Luis Lobo Henriques
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4 comentários:

Sonia Regly disse...

Leonooooooooor,
Obrigada pelas doces e lindas visitinhas. Já a tenho no coração como fosse minha irmã, gosto muito da nossa amizade. Lindo esse texto, esse cantinho é sempre mágico.Beijão!!!!

muriloha disse...

Adorei o trecho "O verdadeiro amor é, paradoxalmente, uma saudade constante, sem egoísmo nenhum."

Mas não concordo que "A vida é constante perder."

A vida é, na verdade, um constante ganhar: ganhar novas experiências, novos sentimentos, novas vidas!

abs,

Evelyne Furtado. disse...

As saudades de Cecília eram sábias. Ela lidava bem com o efêmero. As minhas , nem todas são.
Adorei esse texto.
Beijos, minha amiga!

Maria José Speglich disse...

Amo Cecília Meireles.