27 de dez. de 2008

OTIMISMO OU ESPERANÇA ?

Mais um pouco de sangue antes de terminar o ano ?
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“Hoje não há razões para otimismo. Hoje só é possível ter esperança. Esperança é o oposto do otimismo. “Otimismo é quando, sendo primavera do lado de fora, nasce a primavera do lado de dentro. Esperança é quando, sendo seca absoluta do lado de fora, continuam as fontes a borbulhar dentro do coração.” Camus sabia o que era esperança. Suas palavras: “E no meio do inverno eu descobri que dentro de mim havia um verão invencível...” Otimismo é alegria “por causa de”: coisa humana, natural. Esperança é alegria “a despeito de”: coisa divina. O otimismo tem suas raízes no tempo. A esperança tem suas raízes na eternidade. O otimismo se alimenta de grandes coisas. Sem elas, ele morre. A esperança se alimenta de pequenas coisas. Nas pequenas coisas ela floresce. Basta-lhe um morango à beira do abismo. Hoje, é tudo o que temos ao nos aproximarmos do século XXI: morangos à beira do abismo, alegria sem razões. A possibilidade da esperança ...”
Rubem Alves

(Concerto para corpo e alma . Editora Papirus , p.159-160)
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26 de dez. de 2008

Novos tamancos


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É chegado o fim do ano.
Mais um ano...
Mais um ano...
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Um ano para esquecer
Um ano para acalentar
Um ano para redescobrir.
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O que seria de nós se não houvesse os relógios?

E os ponteiros e os calendários e os seus óbitos?
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[...] se não existissem demarcações?

Nos olhos, nas luzes, nas sombras, nas combustões?
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O que faríamos, nós, com a existência de um grau zero?

Uniríamos começo, meio, fim...
e destilaríamos nos caldeirões os seus mistérios?
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[...] se deixássemos ser a chuva?

E sermos leveza, transparência, flor, candura...
e a tudo transformar?
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É chegado o fim do ano

Embora eu já tenha comprado meus novos tamancos...
Não tenho nenhuma pressa em calçá-los!
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Poema de Hercília Fernandes publicado no blog HF diante do espelho, em 19/12/2006.

25 de dez. de 2008

Sobre o Natal ...

Botticelli - Mystic Nativity
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Natal me deixa triste. Porque, por mais que o procure, não o encontro. Natal é uma celebração. As celebrações acontecem para trazer do esquecimento uma coisa querida que aconteceu no passado. A celebração deve ser semelhante à coisa celebrada. Não posso celebrar a vida de Gandhi com um churrasco. Ele era vegetariano, amava os animais. Uma celebração de Gandhi teria de ser feita com verduras, água, leite e um falar baixo. Mais a leitura de alguns textos que ele deixou escritos. Assim Gandhi se tornaria um dos hóspedes da celebração. Agora, um visitante de outro planeta que nada soubesse das nossas tradições, se ele comparecesse às festas de Natal, sem que nenhuma explicação lhe fosse dada, ele concluiria que o objeto da celebração deveria ser um glutão, amante das carnes, bebidas, do estômago cheio, das conversas em voz alta, do desperdício. Nossas celebrações de Natal são como as cascas de cigarra agarradas às árvores. Cascas vazias, das quais a vida se foi. Se perguntar às crianças o que é que está sendo celebrado, eles não saberão o que dizer. Dirão que o Natal é dia do Papai Noel, um velho barrigudo de barbas brancas amante do desperdício, que enche os ricos de presentes e deixa os pobres sem nada. (...) Pois é certo que as celebrações do Natal são orgias de ricos, celebrações do desperdício e lixo. Celebrações do lixo? Aquelas pilhas de papel de presente colorido em que vieram embrulhados os presentes, não são elas essenciais às celebrações? Rasgados, amassados, embolados num canto. Irão para o lixo. Quantas árvores tiveram de ser cortadas para que aqueles papéis fossem feitos. Para quê? Para nada. A indiferença com que tratamos o papel de presentes é uma manifestação da indiferença com que tratamos a nossa Terra. Estou convidando meus amigos para uma celebração de Natal. Ela deverá imitar a ceia que José e Maria tiveram naquela noite: velas acesas, um pedaço de pão velho, vinho, um pedaço de queijo, algumas frutas secas. À volta de um prato de sopa de fubá – comida de pobre –, tentaremos reconstruir na imaginação aquela cena mansa na estrebaria, um nenezinho deitado numa manjedoura, uma estrela estranha nos céus, os campos iluminados pelos vaga-lumes. E ouviremos as velhas canções de Natal, e leremos poemas, e rezaremos em silêncio. Rezaremos pela nossa Terra, que está sendo destruída pelo mesmo espírito que preside nossas orgias natalinas.
Rubem Alves
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(Revista “Bons Fluidos”, dezembro de 2008)
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24 de nov. de 2008

Sobre a poesia ..

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Toda a poesia é luminosa, até a mais obscura. O leitor é que tem às vezes, em lugar de sol, nevoeiro dentro de si. E o nevoeiro nunca deixa ver claro. Se regressar outra vez e outra vez e outra vez a essas sílabas acesas ficará cego de tanta claridade. Abençoado seja se lá chegar...
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Eugénio de Andrade, Os Sulcos da Sede.
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19 de nov. de 2008

Sobre as palavras ...

Picasso
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"Houve o tempo do sonho. No escuro das noites, todos sonharam palavras.Houve o tempo do acordar. Na luz das manhãs, todos acordaram palavras.Depois veio a coragem de presentear. Em cartas lacradas viajaram secretas palavras".
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Bartolomeu Campos de Queirós
(Apontamentos - Formato Editorial)
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A primeira pessoa que me falou sobre Bartolomeu Campos de Queirós foi a querida Sônia Viegas, numa aula de filosofia na UFMG.
Ainda não tive o prazer de encontrar Bartolomeu por essas esquinas de BH. Vou acabar pedindo ao querido escritor Ronaldo Simões Coelho que provoque esse encontro. Quero muito entrevista-lo no meu blog
O MUNDO ENCANTADO DE CECÍLIA MEIRELES.
No próximo dia 2 de dezembro durante a Feira Internacional do Livro em Guadalajara no México, Bartolomeu Campos de Queirós será premiado por ter vencido a
IV Edição do Prêmio Ibero-americano SM de Literatura Infantil e Juvenil.
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"El jurado decidió premiar al autor brasileño "por la trascendencia de su obra que se manifiesta en la profundidad de los temas que trata, el respeto por el lector y los retos a los que los enfrenta, el compromiso con el arte literario sin concesiones y el carácter poético y filosófico de su obra". Bartolomeu Campos de Queirós nació en Brasil hace sesenta y cuatro años. Autor de más de cuarenta libros para el público infantil y juvenil, destaca por su compromiso con la educación, con la formación de lectores y la promoción de la lectura, así como por el carácter altamente literario y poético de su obra. A lo largo de su trayectoria como escritor ha cosechado varios premios literarios como el Selo de Ouro da Fundaçao Nacional do Livro o la Bienal de Sao Paulo."
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BRAVO !
Viva Bartolomeu e seus livros!
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16 de nov. de 2008

condição perene

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Gregory Williams
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nas cheias
o rio comanda o espetáculo

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e as margens são apenas
degraus para o leito mais fundo
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nas secas
o rio é a margem

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Lau Siqueira
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Do livro "Sem meias palavras" (Ed. Idéia-PB, 2002)
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14 de nov. de 2008

Mínimo

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Mínimo
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Saudade da maré-cheia,
dos pequenos barcos tristes
com o exacto
tamanho dos meus anseios
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Soledade Santos
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Foto: Leonor Cordeiro

13 de nov. de 2008

Sarau Chama Poética : PALAVRA DE MULHER

Convite imperdível enviado pela querida Fernando de Almeida Prado:
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(clique para ampliar...)
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Compartilhando ...

Terminei de visitar os blogs que participaram da blogagem coletiva “HOJE É DIA DE CECÍLIA!”. Minha alegria é imensa, percebi que esse grupo compôs um verdadeiro cântico de amor para Cecília Meireles.
Também fiquei encantada quando lendo os comentários, encontrei vários visitantes que conheceram Cecília através da nossa blogagem.
Em seguida, vou compartilhar com vocês dois relatos que encontrei entre os 165 blogs participantes. Esses relatos testemunham a qualidade e afetividade presente em todos os blogs que se uniram nessa grande festa.
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Se Cecília desse uma olhadinha nas postagens da nossa blogagem coletiva, se encantaria com uma professora chamada Iracema.
Dona Iracema era igualzinha a professora que Cecília descreveu em várias de suas crônicas.
Se para Cecília "educação era botar dentro do indivíduo, além do esqueleto de ossos que já possui, uma estrutura de sentimentos, um esqueleto emocional. O entendimento na base do amor." Para Dona Iracema também !
Se para Cecília "o educador não é o burocrata que vai à escola como a uma repartição,limita a sua atividade de funcionário a meia dúzia de horas diárias, e respeita o prestígio das autoridades: é a criatura construtora de liberdade e progresso harmoniosos, que, vivendo no presente,está sempre investigando o futuro, porque é nesse futuro, povoado de promessas de vida melhor, que o destino de seus discípulos se deverá realizar com toda a plenitude." Para Dona Iracema também !
Se para Cecília os educadores são donos de uma infinita esperança. Para Dona Iracema também !
Quem me apresentou essa professora ceciliana foi uma de suas alunas, a Herica do blog
FRAGMENTOS:
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Ou isto ou aquilo
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. Ou se tem chuva ou não se tem sol,
ou se tem sol ou não se tem chuva!
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Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
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Quem sobe nos ares não fica no chão,
Quem fica no chão não sobe nos ares.
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É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo em dois lugares!
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Ou guardo dinheiro e não compro doce,
ou compro doce e não guardo dinheiro.
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Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!
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Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.
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Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.
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Meu primeiro contato com o mundo de Cecília Meireles aconteceu quando estava no 3º ano do primário. Minha professora era fã incondicional da poetisa e nos mostrou o poema acima. Com 8 anos não entendi nada e achei uma poesia sem sentido. Mas Dona Iracema insistiu comigo e me trouxe o "Colar de Carolina"
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Com seu colar de coral,
Carolina
corre por entre as colunas
da colina.
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O colar de Carolina
colore o colo de cal,
torna corada a menina.
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E o sol, vendo aquela cor
do colar de Carolina,
põe coroas de coral
nas colunas da colina.
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Não sei o que deu em mim, lembro que me senti como em uma montanha-russa subindo e descendo no ritmo do poema e lembro que fiquei literalmente mareada (gente sugestionável é o Ó). Nova tentativa e ela me trouxe "A Bailarina"
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Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
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Não conhece nem dó nem ré
mas sabe ficar na ponta do pé.
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Não conhece nem mi nem fá
mas inclina o corpo para cá e para lá.
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Não conhece nem lá nem si,
mas fecha os ohos e sorri.
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Roda, roda, roda com os bracinhos no ar
e não fica tonta nem sai do lugar.
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Põe no cabelo uma estrela e um véu
e diz que caiu do céu.
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Esta menina
tão pequenina
quer ser bailarina.
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Mas depois esquece todas as danças,
e também quer dormir como as outras crianças.
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Amei!!! FINALMENTE consegui entender sua leveza e musicalidade.Dona Iracema foi minha grande incentivadora à leitura. Ela percebeu que eu gostava de ler e me presenteou com vários livrinhos da Edições Ouro. Nem sei se ainda existem, mas eram livros de bolso com estórias leves e estimulantes. Por conta disso tinha uma coleção respeitável desses livros. Mais tarde comecei a colecionar a Coleção Vagalume da Editora Ática, quem nunca precisou ler O Caso da Borboleta Atília ou O Escaravelho do Diabo no ginásio?
Bom, ela me deu o livro Ou Isto ou Aquilo e eu lembro de ter ficado dias e semanas dormindo com o dito debaixo do meu travesseiro pra ver se decorava os poemas que estavam ali escritos =p Técnica besta que eu li não lembro onde e sempre utilizava antes das provas. Claro que nunca deu resultado se eu não pegasse os livros pra estudar de fato.
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A segunda postagem é uma carta escrita por Lizzie, do blog Doces Deletérios :


Querida Cecília,


Não sei onde te encontras, mas sei que estás bem. Há quem diga que já não existes, mas o engano é imenso: os poetas são eternos.
Disseste certa vez que a canção é tudo¹ [pelo sangue eterno e asa ritmada?]. Pois digo que por aqui as canções e os versos já andam esparsos, não se confundem mais. O versejar continua leve e o cantar ritmado, porém, as aspirações humanas estão dando voltas n’uma montanha russa. Tu bem sabes, o homem é o que faz de si. Mas de não saber que faz ele desfaz.
Tua poesia continua n’o encanto e tua vida n’a vida de tantos. Precisava te dizer que eu também não tinha este rosto de hoje², assim calmo, nem as mãos frias. Talvez nós estejamos todos n’um mesmo barco, tentando incansavelmente recuperar a sensibilidade perdida, os cacos da beleza conjunta. Continuamos gritando com palavras as nossas sedes e nossas alegrias. E devo te dizer que nada é em vão, nunca foi.
A literatura é um diálogo que não cessa nunca. Tua vida, Cecília, é o sempre.
Mando a carta como abraço, em comemoração ao teu aniversário de nascimento. Acredito que não te importes com o atraso, visto que agora tens a idade do pulsar da vida.
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Atenciosamente, Lizzie P.
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¹ Cecília in ‘Motivo’

² Cecília in ‘Retrato’

7 de nov. de 2008

HOJE É DIA DE CECÍLIA !

Photobucket


Estou imensamente feliz e grata a todos vocês que participaram dessa blogagem coletiva.

Visitei os seus blogs e fiquei emocionada com a sensibilidade e delicadeza de cada postagem . Conseguimos formar um grupo que separou o dia de hoje para entoar um verdadeiro cântico pela arte e a vida de Cecília Meireles.

Logo que a minha saúde permitir deixarei um bilhetinho de agradecimento em cada blog, pois vocês foram profundamente generosos na distribuição do afeto.

Segue a lista dos blogs que já publicaram a postagem referente a blogagem coletiva HOJE É DIA DE CECÍLIA. Caso o seu blog não esteja na lista, por favor, me informe.

1. Informática Educacional e Meio Ambiente - Miriam Salles

2. Flainando na Web - Oscar Luiz

3. By Oscar Luiz

4. Acqua - Lunna Guedes

5. Dobrando com arte - Carminha

6. Meu Universo em Prosa e Poesia - Evelyne Furtado

7. Leio o mundo assim ... - Andréa Motta

8. Pensieri e Parole - Meire

9. @ndrea Toledo

10. Renata em essência ... - Renata Cristina

11. Amor através do tempo - Renata Cristina

12. Versos de criança - Renata Cristina

13. Um pouco de azul - Nane

14. Página de cultura - André Egg

15. Lino Resende

16. O cantinho da borboleta azul - Sonia H

17. Hiper Urânio - Ana Carolina

18. Universo Desconexo - Lys

19. Le Jardin Éphémère – Maria Augusta

20. Mãe Gaia - Beth/Lilás

21. Educar Já ! - Cybele Méier

22. Flores e Pérolas - Sol

23. Mulher é desdobrável, Eu sou - Tati Martins

24. Relatar, Refletir, Reaprender,Rir... - Cristiane

25. Pavulagem da Ro – Roseane

26. Blue Moon - Tina

27. Alecrim Dourado - Denise

28. Amo Papel - Ivani

29. Bloguinfo - Sintian

30. Luz de Luma, yes party ! - Luma

31. O mundo encantado de Cecília Meireles - Leonor

32. Hippos - Luci Lacey

33. Varanda Poesias - Selma

34. A Festa das Letras - Leonor

35. O fantástico mundo das palavras – Leonor

36. Clindenblog - Carol

37. Boa tarde, Senhor Smith! - Flávia

38. Medo de Avião - Ju Rigori

39. ESCOLA MUNICIPAL GOV.HERIBERTO HÜLSE

40. Navegando... Ju Rigori

41. Por uma Internet mais segura para nossas crianças! – Leonor

42. Doce infância … - Leonor

43. De Ponta Cabeça - Chris

44. Vivendo de Histórias – Marisa Pimenta

45. Imaginarius Concrético – Heliana Bastos

46. Cotidiano de uma Grande Família - Zany

47. Flor de morango – Madalena Barranco

48. Espaço da Ivana

49. Reclinada - Vitória

50. Fio de Ariadne – Vanessa

51. Me vendo às avessas – Tânia Pimenta

52. Na casa da vovó – Rosane

53. Chapar as borboletas – Bárbara Lia

54. aprendemos – Mikasmi

55. Blogadinha dos Virtuais

56. Alfabetização em Foco - Lenira, Deolinda, Claudiane, Vanda

57. Sala de Leitura – Marilia

58. Alma Poeta – Serena

59. Um cantinho para refletir - Lucy Lordelo

60. Alpendre de Relíquias – Selma

61. O prazer em aprender – Silvinha

62. Brincando com as letrinhas - Leonor Cordeiro

63. A mulher a a poesia - Elvira Carvalho

64. Sensata Paranóia - Urbano Leonel

65. Encantos de Inez - Marinez

66. Artes em Papel - Natália e Lucas Gabriel

67. Dinstinct - Celso Santos

68. Rosa147 – Rosamaria

69. Um Canto de Prosear... - Cláudia, Patrycia, Paula, Vanna, Patrícia

70. Escutei-me e digitei – Danilo Lovisi

71. Laboratório de Informática – Denise Matos

72. O Manuscrito de Jamille Lobato

73. Interlúdio - Flor

74. Compartilhando as Letras – Sonia Regly

75. Oficina de Palavras – Odele Souza

76. Esterando – Esther

77. Essencialmente Palavras - Christiane Xavier

78. Mariazinha zinha zinha - Fatima Reis

79. Diniflower – Dileuza

80. Interagindo – Bete

81. Blog Linha – Anny

82. Acendedor de Lâmpadas – Patrycia

83. MUNDO AZUL – Zélia

84. Blog do Carlos Rosa

85. Entre Marés – Suzana

86. Mulheres 3.0 Plus - Carla

87. Meu Universo em Prosa e Poesia - Evelyne Furtado

88. mariasentidos - Mariam

89. A moça do sonho... – Du

90. O blog das Arteiras Artesãs! – Betty Mello

92. Infinito Particular – Cléo

93. De tudo um pouco – Betty Mello

94. Metrópole em Poesia

95. libertas-vitalis – Luís Lourenço

96. Jardim de Urtigas – Jardineiro de Plantão

97. EscolaBR

98. Fábrica de Palavras – Sara Albuquerque

99. Recanto de Sonhos - Amarísio

100. O mar me quer – Maripa

101. Lavanderia Virtual – Juca

102. Chronicles & Tales Unlimited (RED) – Cidão

103. O paraíso do amor – Celina Alves

104. Meu Blog – Marlene Mora

105. Inventadeira de moda - Monica Loureiro

106. Flor de Lis - Lislene Neri

107. Terra de muitas cobras - Roselee Salles

108. Entre amigos – Tetê

109. Assuntos etc... – Janaína

110. emclaudialmeida

111. Brisa do Sul - Regina Ramão

112. Mol-TaGGEe - M. Duval

113. Coisas Nossas

114. Quiosque Azul

115. Bibliotecas Escolares - Raquel

116. Leitura & Magia – Raquel

117. A lua e Eu – Ane

118. Meu Mar Azul – Clesia

119. Quem não se arrisca não petisca! – Solange Sotero

120. Morcegos - Dilberto

120. Sintonias do Coração - Helô

121. Mares de Saudade - Tereza Soares

122. Adriana Zardini

123. Janela Aberta - Aparecida Ferreira

124. Ler e escrever é só começar - Aparecida Ferreira

124. Puxadinho Mundo Insano - Daniela Figueiredo

125. Despindo Estórias – Tatah Santini

126. AUKIMIA – Áurea

127. Pequenos Grandes Sentimentos – Ana Lúcia

128. I'll let you know... – May

129. Mais prosa do que verso – Cláudia

130. Blogstórias Essenciais – Fátima Campilho

131. Sotaque Mix - Aline

132. mariasentidos

133. Quintal da Paula

134. Fragmentos - Herika

135. Coisas Minhas - Joyce

136. Tutora EAD

137. Desabafo akiAdri

138. Belleza Pura

139. Querendo quero o infinito – Manuel Marques

140. Fragmentos de Mim - Cristiane

141. Coisas que gosto – Heloisa Nascimento

142. Rosa Choque – Beti Timm

143. RAMOSFOREST ENVIRONMENT - Luiz Ramos

144. encanto de renascer – Elisabete Cunha

145. Aprendendo e Ensinando no Núcleo de Tecnologias Educacionais – Cristiane

146. Mensagens para o coração - Luciana Cantanhede

147. Outras Freqüências – Michelle Müller

148. Ne Quid Nimis... - Semíramis Alencar

149. estudando um mundo melhor - Paloma

150. Ensinando e Aprendendo com a Tia Rose – Rose Diniz

151. Palavras ... - Patty

152. Equilíbrio Distante - Ju Prieta

153. Educadores de Sucesso - Naurelita

154. Pensamentos da Bia

155. Blog sobre Educação, aplicativos, novidades... Beatriz

156. Vamos Blogar? - Beatriz

157. Retratos em Degradê - Lu Cavichioli

158. Aprender com criatividade - Nilsangela

159. Diário da Fafi

160. Círculo Literário de Santa Bárbara

161. O PC e a criança – Jenny Horta

162. Educando o amanhã - Semíramis

163. Oficina de Blog da SMEC

164. Blog da Marita

165. Doces Deletérios

166. No canto-do-conto: Um punhado de magia! Betty Mello

167. feltro,lã, pano e papel – O blog das Arteiras Artesãs! Betty e Sueli

168. Blogstórias Digitais – Fátima Campilho

169. Andanças

170. Verseiro - Elcio Tuiribepi

171. Essencialmente Palavras – Christi

172. alagoinha.ipaumirim - Maria Luiza

(Se por acaso o nome do seu blog não estiver nessa lista, me avise ! )

HOJE É DIA DE CECÍLIA !



Queridos amigos e amigas que tão gentilmente atenderam o meu convite e estão participando dessa linda homenagem para nossa amada Cecília Meireles.
Vocês devem estar estranhando a minha ausência logo no dia de hoje quando todos estão reunidos nessa comemoração.
Ontem visitei todos os blogs e deixei um bilhetinho para lembrar que o grande momento estava chegando. Pela madrugada ainda consegui fazer as postagens nos meus outros blogs, mas não pude continuar, problemas com a minha saúde me impediram.
Continuem a comemoração, ela está linda e emocionante.
Quando comemoramos o dia do nascimento do aniversário de Cecília, revivemos a sua memória, reafirmamos que a sua história e a herança que ela nos deixou através da sua obra continua viva e faz parte da nossa vida, mora em nossos corações.
Obrigada a todos vocês que através dos seus blogs estão enfeitando a blogosfera com os poemas de Cecília .
Logo estarei recuperada para visitar a todos e me emocionar com a beleza das suas postagens .

Mil beijinhos !
Com carinho e afeto,

Leonor Cordeiro


"A VIDA só é possível
reinventada. "
Cecilia Meireles

6 de nov. de 2008

AMANHÃ SERÁ UM DIA MUITO ESPECIAL !

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Amanhã será um dia muito especial, pois faremos a blogagem coletiva em homenagem à querida escritora Cecília Meireles.
Visitarei o seu blog para conhecer o poema ou a crônica da Cecília, que você carinhosamente escolheu.
A lista com o nome de todos os blogs participantes será postada aqui a partir das 15 horas dessa sexta-feira.
Aceite o meu carinho e afeto.

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Leonor Cordeiro
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3 de nov. de 2008

Canção para reinventar um tempo antigo

Jose Pancetti - Porto -1941
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Faz–de-conta que o tempo é uma varanda
voltado para um pátio circular:
faz-de-conta que em canto de ciranda
regressamos ao cais de regressar.
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Faz-de-conta, nas águas do destino,
um aquário de luas nos espera:
faz-de-conta que um canto repentino
traz de volta uma antiga primavera.
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Faz-de-conta que esta contradança
nas varandas do nosso coração
reacende os sóis de antigamente:
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Faz-de-conta que os rios da lembrança
reacendem a flama da canção
neste pátio-passado – tão presente.
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Maria De Lourdes Hortas
(in Dança das Heras, 1995)
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31 de out. de 2008

Hoje é dia de Drummond ?

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Carlos Drummond de Andrade nasceu em Itabira do Mato Dentro - MG, em 31 de outubro de 1902.

29 de out. de 2008

Como escrevo?

Bom, eu escrevo regularmente não como poeta, porque o poeta não escreve quando quer, ele escreve quando a poesia quer. Kafavis censura as pessoas que muitas vezes ficam tão ocupadas que não têm tempo para a poesia. Ele diz que a poesia não pode ser tratada como uma criada, que a gente chama quando precisa e manda embora quando não precisa. É a gente que tem que estar à disposição permanente da poesia. Nós é que somo criados dela. Infelizmente, essa senhora exigentíssima usa muito pouco os meus serviços, mas, de qualquer modo, quando ela decide usá-los, eu estou pronto a acolher as solicitações. Já n caso da prosa, eu trabalho regularmente. Eu trabalho regularmente como tradutor e como ensaísta e tenho projetos de trabalho. Como poeta eu realmente escrevo quando a inspiração, se é que ainda se pode usar esse palavrão, aparece.
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José Paulo Paes
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Giovanni Ricciardi, Escrever 2. Bari: Ecumênica Editrici scrl, 1994
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27 de out. de 2008

Blogagem coletiva: ABRE ASPAS !

Chegou o dia da blogagem coletiva “Abre Aspas” promovida pela querida Lunna, que vai enfeitar a blogosfera com poesia de primeira.

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Minha escolhida é uma paulista que nasceu na cidade de Santa Rita do Passa Quatro em 1939. Começou a escrever seus poemas aos doze anos de idade e lançou o seu primeiro livro em 1960. Falo de Eunice de Carvalho Arruda ou Enice Arruda como é mais conhecida. Sempre releio os seus poemas que postei nesse blog :



.Carlos Machado, em seu site Alguma Poesia, comenta a sua obra:


“Em versos breves de poemas quase sempre curtos, Eunice traz sempre um tom de desencanto em sua observação do mundo e dos mistérios da poesia. Mas esse desencanto é marcado por uma atitude de quem enfrenta cada palmo do chão em que precisa pisar. É uma poesia de quem se quer vivo e vívido: "Nunca morrer/ enquanto viver" (Propósito). Ou, então, de quem não desiste diante dos descaminhos: "Edifiquei minha / casa sobre a / areia // Todo dia recomeço" (Erro).
Em sua poesia, Eunice Arruda não mente, nem para si mesma nem para o leitor. Esse traço a poeta parece cultivar desde os primeiros passos. Observe-se, por exemplo, o poema "Deus e o Domingo", de 1963. Cedo, a escritora deve ter descoberto que não há soluções milagrosas para as nossas dores. Ela sabe que há, sim, pequenas felicidades e encantamentos — que, em seu ponto de vista, são "horas de trégua". Mas esses momentos só ocorrem "quando se afiam / as facas" (Observando).
Talvez seja exatamente por causa dessa aguda consciência da realidade que a poeta Eunice Arruda sonha com um poema "livre da gramática e do som das palavras". Um poema tão livre "que traga em si a decisão / de ser escrito ou não". Drummond também escreveu que o poema ideal seria aquele que se faz sem poeta. Como isso é apenas um sonho, continuamos a precisar dos poetas: Drummonds, Eunices etc."
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Através de seus versos Eunice toca a minh’alma. Foi difícil escolher um poema para essa postagem, resolvi escolher dois, entrelaçados pelo mesmo tema – vida e morte.
Que fale Eunice na sua dança das palavras:


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Propósito

Viver pouco mas
viver muito
Ser todo o pensamento
Toda a esperança
Toda a alegria
ou angústia - mas ser
.
Nunca morrer
enquanto viver
.
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Um dia

um dia eu
morrerei
de sol, de
vida acumulada
na convulsão
das ruas
. .
um dia eu
morrerei e não
podia:
.
. há poemas escorregando de meus dedos
e um vinho não
provado

( do livro “OS MOMENTOS” – l981 )
.
.
.

Seus livros:
.
É tempo de noite. São Paulo, Massao Ohno, 1960.
O chão batido. Coleção Literatura Contemporânea, 1963.
Outra dúvida. Lisboa, Panorâmica Poética Luso-Hispânica, 1963.
As coisas efêmeras. São Paulo, Ed. do Brasil, 1964.
Invenções do desespero. São Paulo, edição da autora, 1973.
As pessoas, as palavras. São Paulo, Ed. do Escritor, 1984 (2.ed).
Os momentos. São Paulo, Nobel, 1981.
Mudança de lua. São Paulo, Scortecci, 1986 (1.ed.); 1989 (2.ed.)
Gabriel:. São Paulo, Massao Ohno, 1990.
Risco. São Paulo, Nankin Editoral, 1998
À Beira. Rio de Janeiro, Blocos, 1999.
Há estações . São Paulo, Escrituras Editora, 2003
.

25 de out. de 2008

24 de out. de 2008

COGITO

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COGITO
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eu sou como eu sou
pronome
pessoal intransferível
do homem que iniciei
na medida do impossível
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eu sou como eu sou
agora
sem grandes segredos dantes
sem novos secretos dentes
nesta hora
.
eu sou como eu sou
presente
desferrolhado indecente
feito um pedaço de mim
.
eu sou como eu sou
vidente
e vivo tranquilamente
todas as horas do fim.
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Torquato Neto
.
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