15 de mai. de 2008

As memórias de Pedro Nava ...

Jovens em Belo Horizonte
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“Uma certa liberdade feminina começava a apontar. Vinha de trás com os cabelos à la garçonne. Exagerava-se agora, as nucas sempre nuas mas, aos lados, os accroche-coeurs em ganchos cada vez maiores e colados à bochecha. Sua forma era mantida a cosmético de bigode, gomalina ou mais simplesmente a goma de quiabo. Os chapéus femininos eram pequenos, enterrados até os olhos, cobrindo as orelhas, descendo à nuca – aderentes à cabeça como se fossem camisas-de-vênus. As saias subiam cada vez mais generosamente- estavam nos joelhos. Tinha passado completamente aquela moda passageira dos 23, dos vestidos de organdi, compridos e rodados cheios dos enfeites de grades da mesma fazenda (o amarelo das Mariquinhas Vivacqua era a coisa mais leve desse mundo) e dos coques no alto das cabeças, lisos ou riçados, saindo dos cabelos embutidos atrás e mantidos por grandes pentes como os das espanholas (o da Zita Viana era o mais alto e tinha a prendê-lo peça antiga, autêntica e de tartaruga).
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Influência do cinema, nos bailes começaram a surgir decotes feito os das artistas americanas em que a blusa ou o que fazia de – vinha até acima dos seios e segurava-se no arrocho ou por alças estreitas que circulavam os ombros. Vimos assim os primeiros sovacos raspados (que pena!) enquanto as que achavam imodesto tratar as axilas a navalha, usavam, saindo do vestido um tapinha que cobria a zona cabeluda e que prendia-se no braço com fitinhas. Em ambos os casos, sempre fazendo parte do vestido de baile, echarpes de gaze que disfarçavam aquele excesso de carne à mostra.
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Barbara La Marr

Começava-se timidamente a conversar nos portões com as amadas ou abordá-las rapidamente nas ruas. No gesto e no vestir elas imitavam Barbara La Marr, Pola Negri, Mae Murray e Gloria Swanson.
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Gloria Swanson
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Nós usávamos cabelos colados à Valentino, colarinhos à John Barrymore, ternos à Thomas Meighan, jaquetões à George Walsh.”
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Pedro Nava , Beira – Mar. Editora Nova Fronteira, p. 323-323
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Rodolfo Valentino
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3 comentários:

Anônimo disse...

Sem dúvida,na linguagem romântica,foi uma época de beleza e glamour....Parabéns pelos textos...

www.ruivinhahippie.zip.net

Evelyne Furtado. disse...

Leonor, eu adoro Nava. Meu pai gostava muito e me apresentou o memorialista, quando eu era adolescente.
Mas essa página com as fotos e o texto dele sobre a moda e costumes de BH àquela época está fantástica, amiga!
Parabéns!
Beijos, muito!

Leonor Cordeiro disse...

Olá Erika,
Obrigada por visitar esse blog. As fotos daquela época passam de fato essa beleza e glamour.
Grande abraço!

Para Evelyne:
Minha querida amiga, claro que eu não me esqueci desse detalhe. Me lembro bem do e-mail que você me mandou comentando sobre essa apresentação tão especial feita por seu pai .
Viva Nava!!!
Mil beijinhos!!!