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II
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O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
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Creio no mundo como num malmequer,
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
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Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...
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Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...
8-3-1914
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Alberto Caeiro, em "O Guardador de Rebanhos"
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2 comentários:
Oi Leonor!
Ai que lindo! Obrigada por dividir. Adorei!!!
beijo grande,
Lindo e verdadeiro este poema. Quando amamos alguém ou apreciamos algo, não precisamos explicar porquê.
Obrigada por este lindo poema.
Um grande beijo.
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