2 de jul. de 2006

Odes de Ricardo Reis

" Hourglass " de Luciana Teruz
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.Cada coisa a seu tempo tem seu tempo.
Não florescem no inverno os arvoredos,
Nem pela primavera
Têm branco frio os campos.
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À noite, que entra, não pertence, Lídia,
O mesmo ardor que o dia nos pedia.
Com mais sossego amemos
A nossa incerta vida.
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À lareira, cansados não da obra
Mas porque a hora é a hora dos cansaços,
Não puxemos a voz
Acima de um segredo,
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E casuais, interrompidas, sejam
Nossas palavras de reminiscência
(Não para mais nos serve A negra ida do Sol) ?
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Pouco a pouco o passado recordemos
E as histórias contadas no passado
Agora duas vezes
Histórias, que nos falem
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Das flores que na nossa infância ida
Com outra consciência nós colhíamos
E sob uma outra espécie
De olhar lançado ao mundo.
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E assim, Lídia, à lareira, como estando,
Deuses lares, ali na eternidade,
Como quem compõe roupas
O outrora compúnhamos
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Nesse desassossego que o descanso
Nos traz às vidas quando só pensamos
Naquilo que já fomos,
E há só noite lá fora.
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Odes de Ricardo Reis
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Um comentário:

Orquidea Beladona disse...

Pois é, mas seria muito melhor se durante a madrugada eu me dedicasse a dormir, hahaha. Pior que nao tenho nada pra dizer ultimamente e isso me preocupa um pouco.

Em fim :)

BEijos!