Acabei de entrevistar o querido escritor português António Garcia Barreto para o meu blog O MUNDO ENCANTADO DE CECÍLIA MEIRELES.
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.Vou compartilhar com vocês esta entrevista presenteada por António:
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P – Onde você nasceu e como era a sua cidade?
Eu nasci em Amadora, localidade situada no perímetro da Grande Lisboa, hoje cidade e sede de concelho com cerca de 250 000 habitantes. Quando eu era criança o lugar era muito interessante. Tinha (e continua a ter) estação de caminhos-de-ferro (linha Lisboa-Sintra), um clube de futebol, o Estrela da Amadora, hoje na 1.ª Liga de Futebol, e um outro, a Associação Académica da Amadora, ligada ao hóquei em patins e à ginástica; um cinema e uma Academia Militar, onde se formavam os oficiais do Exército, no lugar onde antes existira um campo de Aviação. Nessa altura toda a gente se conhecia. Hoje ninguém se conhece. Mas há muitos anos que não moro lá..
P – Como foi a sua infância?
Fui uma criança muito feliz, educada por duas famílias. Frequentei a escola privada e a escola pública. Dizem que era bom aluno, mas estudava pouco. Tinha muitos amigos, que a Guerra Colonial, em que participei, depois separou, definitivamente. Jogava muito à bola, metia-me em aventuras, lia muitos livros, sobretudo livros aos quadradinhos ou banda desenhada..
P – Como era a escola onde você estudou?
Como disse, estudei na escola privada e na escola pública. A qualidade do ensino era muito boa, em ambas. Mas não havia, como hoje, actividades circum-escolares, visitas a museus, bibliotecas, etc. Estudava-se pelos livros oficiais e só por esses. Era no tempo de Salazar, o ditador que governou Portugal durante 48 anos, um tempo sem liberdade para nada..
P – Quais eram os livros que você gostava de ler?
Contos de fadas, histórias tradicionais, aventuras de cowboys e índios em histórias aos quadradinhos. Quando já era um pouco mais crescido gostava muito de ler romances sobre a Segunda Guerra Mundial. Eu ambicionava ser oficial da marinha de guerra!.
P – Quando você era criança já sonhava ser escritor?
Já! Eu tinha boas notas a Português e as minhas redacções eram muito elogiadas. Com doze anos comecei a escrever um romance numas grandes folhas de papel de 35 linhas, usado na época. Claro que não passei das primeiras vinte páginas, ou coisa parecida.
.P – Quando você começou a escrever?
Por volta dos meus 17 anos ganhei o meu primeiro prémio num concurso de contos no Liceu. A partir daí escrevi cada vez mais. Primeiro publicava nos jornais poesia e pequenas crónicas, até que um dia surgiu a oportunidade de publicar o meu primeiro livro..
P – Qual foi o primeiro livro que você escreveu?
Foi um pequeno livro para crianças intitulado «Botão Procura Casa». No ano de 1977..
P – Por que você escreve?
Porque não consigo viver sem escrever. Preciso de escrever todos os dias. Ou quase todos. Escrever é um trabalho… que dá muito trabalho! Escrever é o meu jeito de falar com os outros. É assim como sentir fome e sede, o que nos leva de imediato a comer e a beber para nos sentirmos bem. Por isso, eu escrevo para me sentir bem..
P – Alguma história que você escreveu já aconteceu de verdade?
O escritor mistura factos reais com o que vai na sua imaginação, aquilo que viu e sentiu, aquilo em que participou. É daí que nascem os livros. Algumas coisas que escrevi aconteceram mesmo, mas um escritor reinventa o que viveu e sentiu no acto de escrever. Como disse Fernando Pessoa: “O Poeta é um fingidor/finge tão completamente/que chega a fingir que é dor/a dor que deveras sente".
P – Qual o poema de Cecília Meireles que você mais gosta?
Gosto de vários. Cecília Meireles é uma grande poeta (poetisa?) da língua portuguesa. Mas agora apetece-me este poema. Talvez por eu morar próximo do mar. O poema chama-se Canção..
P – Onde você nasceu e como era a sua cidade?
Eu nasci em Amadora, localidade situada no perímetro da Grande Lisboa, hoje cidade e sede de concelho com cerca de 250 000 habitantes. Quando eu era criança o lugar era muito interessante. Tinha (e continua a ter) estação de caminhos-de-ferro (linha Lisboa-Sintra), um clube de futebol, o Estrela da Amadora, hoje na 1.ª Liga de Futebol, e um outro, a Associação Académica da Amadora, ligada ao hóquei em patins e à ginástica; um cinema e uma Academia Militar, onde se formavam os oficiais do Exército, no lugar onde antes existira um campo de Aviação. Nessa altura toda a gente se conhecia. Hoje ninguém se conhece. Mas há muitos anos que não moro lá..
P – Como foi a sua infância?
Fui uma criança muito feliz, educada por duas famílias. Frequentei a escola privada e a escola pública. Dizem que era bom aluno, mas estudava pouco. Tinha muitos amigos, que a Guerra Colonial, em que participei, depois separou, definitivamente. Jogava muito à bola, metia-me em aventuras, lia muitos livros, sobretudo livros aos quadradinhos ou banda desenhada..
P – Como era a escola onde você estudou?
Como disse, estudei na escola privada e na escola pública. A qualidade do ensino era muito boa, em ambas. Mas não havia, como hoje, actividades circum-escolares, visitas a museus, bibliotecas, etc. Estudava-se pelos livros oficiais e só por esses. Era no tempo de Salazar, o ditador que governou Portugal durante 48 anos, um tempo sem liberdade para nada..
P – Quais eram os livros que você gostava de ler?
Contos de fadas, histórias tradicionais, aventuras de cowboys e índios em histórias aos quadradinhos. Quando já era um pouco mais crescido gostava muito de ler romances sobre a Segunda Guerra Mundial. Eu ambicionava ser oficial da marinha de guerra!.
P – Quando você era criança já sonhava ser escritor?
Já! Eu tinha boas notas a Português e as minhas redacções eram muito elogiadas. Com doze anos comecei a escrever um romance numas grandes folhas de papel de 35 linhas, usado na época. Claro que não passei das primeiras vinte páginas, ou coisa parecida.
.P – Quando você começou a escrever?
Por volta dos meus 17 anos ganhei o meu primeiro prémio num concurso de contos no Liceu. A partir daí escrevi cada vez mais. Primeiro publicava nos jornais poesia e pequenas crónicas, até que um dia surgiu a oportunidade de publicar o meu primeiro livro..
P – Qual foi o primeiro livro que você escreveu?
Foi um pequeno livro para crianças intitulado «Botão Procura Casa». No ano de 1977..
P – Por que você escreve?
Porque não consigo viver sem escrever. Preciso de escrever todos os dias. Ou quase todos. Escrever é um trabalho… que dá muito trabalho! Escrever é o meu jeito de falar com os outros. É assim como sentir fome e sede, o que nos leva de imediato a comer e a beber para nos sentirmos bem. Por isso, eu escrevo para me sentir bem..
P – Alguma história que você escreveu já aconteceu de verdade?
O escritor mistura factos reais com o que vai na sua imaginação, aquilo que viu e sentiu, aquilo em que participou. É daí que nascem os livros. Algumas coisas que escrevi aconteceram mesmo, mas um escritor reinventa o que viveu e sentiu no acto de escrever. Como disse Fernando Pessoa: “O Poeta é um fingidor/finge tão completamente/que chega a fingir que é dor/a dor que deveras sente".
P – Qual o poema de Cecília Meireles que você mais gosta?
Gosto de vários. Cecília Meireles é uma grande poeta (poetisa?) da língua portuguesa. Mas agora apetece-me este poema. Talvez por eu morar próximo do mar. O poema chama-se Canção..
Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
– depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar.
e o navio em cima do mar;
– depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar.
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Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre dos meus dedos
colore as areias desertas.
Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre dos meus dedos
colore as areias desertas.
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O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio…
O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio…
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Chorarei quando for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.
Chorarei quando for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.
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Depois, tudo estará perfeito:
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.
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Depois, tudo estará perfeito:
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.
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P – O que você gostaria de falar para as crianças que frequentam esse blog?
Que sejam muito felizes. Que se divirtam. Que leiam e estudem. Que gostem dos seus amigos. Que protejam o ambiente e que ensinem aos mais velhos como devem fazê-lo! Que plantem árvores, para respirarmos melhor. Que escrevam. Que sorriam. Que sonhem. E que nunca se esqueçam que ainda há muitas crianças que querem ser felizes. Ajudem-nas, sempre que possível. Porque melhor que um sorriso, são dois sorrisos.
Que sejam muito felizes. Que se divirtam. Que leiam e estudem. Que gostem dos seus amigos. Que protejam o ambiente e que ensinem aos mais velhos como devem fazê-lo! Que plantem árvores, para respirarmos melhor. Que escrevam. Que sorriam. Que sonhem. E que nunca se esqueçam que ainda há muitas crianças que querem ser felizes. Ajudem-nas, sempre que possível. Porque melhor que um sorriso, são dois sorrisos.
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LIVROS PUBLICADOS
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«Conta Comigo, Pai!», Ambar, Porto, 2006
«A Mitra Desaparecida», Ambar, Porto, 2006
«Uma Zebra ao Telefone», Ambar, Porto, 2006
«À Sombra das Acácias Vermelhas», Roma Editora, Lisboa, 2006
«Ensina-me a Namorar», Campo das Letras, Porto, 2005
«Amanhã Regresso a Casa», Ambar, Porto, 2004
«Dicionário de Literatura Infantil Portuguesa», Campo das Letra, Porto, 2002
«Literatura para Crianças e Jovens em Portugal», Campo das Letras, Porto, 1998
«Contos do Amor Breve», Contemporânea Editora, Matosinhos, 2000
«Rubens e a Companhia do Espanto em O Caso da Mitra Desaparecida», Sintra, 2001 (Prémio Literário de Sintra de Literatura Infanto-Juvenil – Adolfo Simões Müller, 2000)
«A Cidade dos Lacraus», Editorial Escritor, Lisboa, 1994
«O Caso da Máscara Desmascarada», Série Brigada Azul, Vega, Lisboa, 2002
«O Caso da Cobra com Asas», Série Brigada Azul, Vega, Lisboa, 2000
«O Luxo da Gata Mafalda», ASA, Porto, 1.ª ed., 1986
«Triângulo de Guerra», MAR-FIM, Sintra, 1988
«A Malta da Rua dos Plátanos», Editorial Caminho, Lisboa, 1981
«A Mitra Desaparecida», Ambar, Porto, 2006
«Uma Zebra ao Telefone», Ambar, Porto, 2006
«À Sombra das Acácias Vermelhas», Roma Editora, Lisboa, 2006
«Ensina-me a Namorar», Campo das Letras, Porto, 2005
«Amanhã Regresso a Casa», Ambar, Porto, 2004
«Dicionário de Literatura Infantil Portuguesa», Campo das Letra, Porto, 2002
«Literatura para Crianças e Jovens em Portugal», Campo das Letras, Porto, 1998
«Contos do Amor Breve», Contemporânea Editora, Matosinhos, 2000
«Rubens e a Companhia do Espanto em O Caso da Mitra Desaparecida», Sintra, 2001 (Prémio Literário de Sintra de Literatura Infanto-Juvenil – Adolfo Simões Müller, 2000)
«A Cidade dos Lacraus», Editorial Escritor, Lisboa, 1994
«O Caso da Máscara Desmascarada», Série Brigada Azul, Vega, Lisboa, 2002
«O Caso da Cobra com Asas», Série Brigada Azul, Vega, Lisboa, 2000
«O Luxo da Gata Mafalda», ASA, Porto, 1.ª ed., 1986
«Triângulo de Guerra», MAR-FIM, Sintra, 1988
«A Malta da Rua dos Plátanos», Editorial Caminho, Lisboa, 1981
«Eu Vou Contar a História do Livro», Edições Nave, Lisboa, s/d,
«Um Hipopótamo com Soluços», Edições Nave, Lisboa, 1985
«Tobias, um Gato com Manias», Edições Ró, Cacém, 1982
«Na-Nu, o menino que estudava num livro de pedra», Editorial Caminho, Lisboa, 1979
«História das Três Janelas e outras histórias», Plátano Editora, Lisboa, 1977
«Na Rua Onde Moro», Plátano Editora, Lisboa, 1.ª ed., 1981
«Botão Procura Casa», Plátano Editora, 1.ª ed., 1977
«Um Hipopótamo com Soluços», Edições Nave, Lisboa, 1985
«Tobias, um Gato com Manias», Edições Ró, Cacém, 1982
«Na-Nu, o menino que estudava num livro de pedra», Editorial Caminho, Lisboa, 1979
«História das Três Janelas e outras histórias», Plátano Editora, Lisboa, 1977
«Na Rua Onde Moro», Plátano Editora, Lisboa, 1.ª ed., 1981
«Botão Procura Casa», Plátano Editora, 1.ª ed., 1977
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