9 de set. de 2007

O olho de vidro do meu avô ...

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"Meu pai dirigia um caminhão muito grande e bonito. Viajava para longe, levando manteiga para as cidades que só produziam pão. Bom Destino tinha pão e manteiga. Passava dias distantes e voltava trazendo uma carroceria de notícias. Eu ficava impressionado como era grande o mundo do meu pai. Ele colocava um travesseiro sobre seus joelhos, me assentava em cima e me entregava o volante para eu dirigir. Naquele tempo eu não sabia nem frear meus pensamentos. Tinha só duas pernas; imagina dirigir um caminhão com dez rodas. Depois, como seria possível eu aprender a dirigir, se minha alegria eram as paisagens! No caminhão havia um espelho de lado. Eu apreciava ver meu pai olhando para a frente e correndo os olhos sobre o que estava atrás. Nesses momentos ele possuía muitos olhares."
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O olho de vidro do meu avô
Bartolomeu Campos de Queirós
Editora Moderna
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2 comentários:

Anônimo disse...

Eu vivia me perguntando pq é q na cidade vendia olhos de vidro...olhos q não veem...olhos cegos.

Muito bom...

Anônimo disse...

cont. [...]Neste momento ele possuia varios olhares...

^^'