O testemunho
[...]
Estes poemas são a noite e o dia,
e mais todas as horas da existência
do que está deste lado, em agonia,
e do outro, esquivo aos códigos da ciência,
pois nunca se percebe onde começa
nem finda, ou se tem mesmo essa aparência
de coisa que com números se meça,
ou então, porque escapa a tal medida,
não seja nada do que o ser conheça.
Estes poemas são também a ida
sem volta de uma viagem para dentro
de si próprio e do que há além da vida
e da morte: uma viagem alma adentro,
sem que nenhuma bússola nos diga
se está correto o rumo para o centro,
ou se de nós, conosco sempre em briga
nos desviamos em meio a uma tormenta
que o náufrago não poupa nem abriga.
[...]
Ivan Junqueira
(O Outro Lado, Editora Record)
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