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Em alguma vida fui ave.
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Guardo memória
de paisagens espraiadas
e de escarpas em voo rasante.
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E sinto em meus pés
o consolo de um pouso soberano
na mais alta copa da floresta.
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Liga-me à terra
uma nuvem e seu desleixo de brancura.
.
Vivo a golpes
com coração de asa
e tombo como um relâmpago
faminto de terra.
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Guardo a pluma
que resta dentro do peito
como um homem guarda o seu nome
no travesseiro do tempo.
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Em alguma ave fui vida.
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Guardo memória
de paisagens espraiadas
e de escarpas em voo rasante.
.
E sinto em meus pés
o consolo de um pouso soberano
na mais alta copa da floresta.
.
Liga-me à terra
uma nuvem e seu desleixo de brancura.
.
Vivo a golpes
com coração de asa
e tombo como um relâmpago
faminto de terra.
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Guardo a pluma
que resta dentro do peito
como um homem guarda o seu nome
no travesseiro do tempo.
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Em alguma ave fui vida.
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Mia Couto
Mia Couto
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10 comentários:
Bom heim
Mia Couto,um dos meus autores favoritos.
"O bosque seria muito triste se só cantassem as aves que cantam melhor "
Beijo querida amiga.
Olá,
estou procurando alguns blogs para eu seguir, o teu é uma graça.
Acabei ficando por aqui,espero que você goste do meu e fique também, será um imenso prazer.
Um abraço
Gemária Sampaio
Magnífico!
Decore sua alma ,
da forma mais linda que souber,
com uma poesia que lhe toque o coração,
para que na sua mudez, seja feliz,
pois alma que é, será sempre sua,
sem que ninguém no mundo a tire de você.
(Eda Carneiro da Rocha)
Desejo a você um maravilhoso final de semana,
Com muita paz e carinho.
Sônia
Quantas lembranças temos de vidas que não foram vividas e nem por isso deixam de nos encher de saudades.
Quem tem imaginação nunca esta só. Agora quem pode escrever assim é um privilegiado.
lindo!
Um pássaro cantou dentro de mim quando li esse poema.
Beijos.
Gosto muito de Mia Couto.
Não conhecia esse pooema - conheço mais os contos e romances de Mia Couto - e foi muito bom encontrá-lo aqui.
Muito obrigado pelas palavras elogiosas a meu Tempo Pascal. Me fez inchar de vaidade... e isso é pecado, mas é bom.
Beijos.
É lindo esse poema de Mia Couto, essa língua que ele engendra...
Obrigada, um beijo
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