29 de mai. de 2009

Lembrança alada

Fotografia de Luis Henriques
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Em alguma vida fui ave.
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Guardo memória
de paisagens espraiadas
e de escarpas em voo rasante.
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E sinto em meus pés
o consolo de um pouso soberano
na mais alta copa da floresta.
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Liga-me à terra
uma nuvem e seu desleixo de brancura.
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Vivo a golpes
com coração de asa
e tombo como um relâmpago
faminto de terra.
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Guardo a pluma
que resta dentro do peito
como um homem guarda o seu nome
no travesseiro do tempo.
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Em alguma ave fui vida.
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Mia Couto
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10 comentários:

Dalva M. Ferreira disse...

Bom heim

Unknown disse...

Mia Couto,um dos meus autores favoritos.

"O bosque seria muito triste se só cantassem as aves que cantam melhor "

Beijo querida amiga.

Chá das Cinco disse...

Olá,
estou procurando alguns blogs para eu seguir, o teu é uma graça.
Acabei ficando por aqui,espero que você goste do meu e fique também, será um imenso prazer.
Um abraço
Gemária Sampaio

Renata de Aragão Lopes disse...

Magnífico!

Sonia Schmorantz disse...

Decore sua alma ,
da forma mais linda que souber,
com uma poesia que lhe toque o coração,
para que na sua mudez, seja feliz,
pois alma que é, será sempre sua,
sem que ninguém no mundo a tire de você.
(Eda Carneiro da Rocha)

Desejo a você um maravilhoso final de semana,
Com muita paz e carinho.

Sônia

angela disse...

Quantas lembranças temos de vidas que não foram vividas e nem por isso deixam de nos encher de saudades.
Quem tem imaginação nunca esta só. Agora quem pode escrever assim é um privilegiado.

Muadiê Maria disse...

lindo!

Sônia Brandão disse...

Um pássaro cantou dentro de mim quando li esse poema.
Beijos.

José Carlos Brandão disse...

Gosto muito de Mia Couto.
Não conhecia esse pooema - conheço mais os contos e romances de Mia Couto - e foi muito bom encontrá-lo aqui.

Muito obrigado pelas palavras elogiosas a meu Tempo Pascal. Me fez inchar de vaidade... e isso é pecado, mas é bom.

Beijos.

Gisela Rosa disse...

É lindo esse poema de Mia Couto, essa língua que ele engendra...


Obrigada, um beijo