23 de out. de 2009

A canção do tédio

Toni Frissell

.

Anda uma estrela pelo céu,

sozinha, arrastando um véu

de viúva.

- É a chuva.

.

Rola um soluço leve no ar,

bem longo no seu rolar,

bem lento.

- É o vento.

.

Perpassa o passo oco de algum

fantasma, quieto como um

segredo.

- É o medo.

.

Batem à porta. Abro. Quem é?

Uma alta sombra, de pé,

se eleva.

- É a treva.

.

Mas, desde então, alguém está

comigo. É inútil. Não há

remédio.

- É o tédio.

.

Guilherme de Almeida

7 comentários:

angela disse...

Que poema mais lindamente contruido, uma descrição e uma definição em cada verso e como ficou bonito!
beijos

Elaine dos Santos disse...

Eu não conhecia este texto. Lindo! Parabéns pela escolha :)

Dalva M. Ferreira disse...

Bonito demais... o homem sabia o que fazia! Um abraço e nenhum tédio.

Ângela disse...

Oi Leonor!!!

Estou passando mesmo para matar a saudade do blog, deixar um forte abraço e desejar um ótimo fim de semana.
Beijinhos
Ângela

Sonia Regly disse...

Leonor,
Que texto lindo!! Adorei!! Vc nos surpreende com coisas maravilhosas.Te aguardo lá no Compartilhando as Letras.Beijos

carlinha disse...

Eu acho que visitar blogs é um bom remédio para o tédio. rsrs

Elvira Carvalho disse...

Um poema muito bonito dum poeta que desconheço em absoluto.
Obrigada pela partilha.
Um abraço e boa semana